O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), deu um passo ousado e potencialmente explosivo na cena política nacional. No próximo dia 4 de abril de 2025, ele oficializará sua pré-candidatura à Presidência da República em Salvador, Bahia, um estado historicamente dominado pela esquerda. A escolha do local não é mero acaso: trata-se de uma estratégia de confronto direto, uma tentativa de conquistar um eleitorado resistente e mostrar que não tem medo de desafiar adversários em seus territórios.

Estratégia calculada

Caiado sabe que Salvador não é exatamente um reduto de apoio natural para seu discurso conservador e sua defesa ferrenha da “mão dura” contra o crime. No entanto, ele aposta em três fatores para dar peso ao evento: o apoio do prefeito da capital baiana, Bruno Reis (União Brasil), que pode abrir portas para alianças locais; a origem baiana de sua esposa, Gracinha Caiado, conferindo uma conexão sentimental ao eleitorado; e a tentativa de furar o bloqueio da esquerda no Nordeste, região historicamente resistente a candidatos da direita tradicional.

Um governador de “pulso firme” ou autoritário?

Desde sua eleição em 2018, Caiado se notabilizou pelo discurso linha-dura. Seu slogan “No meu governo, bandido vai ter que mudar de profissão ou mudar de Goiás” marcou sua administração e resultou na redução de 76% nos índices de criminalidade.

Agora, com o lema “É preciso ter coragem para endireitar o Brasil!”, ele dobra a aposta e se coloca como o único capaz de “resgatar” o país de uma suposta onda de impunidade e desordem. Mas será que esse discurso colará fora do círculo conservador?

Pode um “outsider” de Goiás ganhar projeção nacional?

Historicamente, governadores de estados menores enfrentam dificuldades para viabilizar uma candidatura presidencial competitiva. No entanto, exceções existem: Fernando Collor, por exemplo, saiu de Alagoas e venceu com o discurso de “caçador de marajás”.

Caiado pode seguir esse caminho? Ele aposta que sim. Se conseguir convencer o Brasil de que sua gestão de Goiás é um modelo replicável em escala nacional, pode se tornar um adversário temido em 2026. Mas, para isso, terá que atravessar um campo minado: conquistar o Nordeste, driblar a polarização extrema e provar que não é apenas mais um candidato conservador com discurso inflamado e pouca viabilidade política.

A pré-campanha será lançada, e a polêmica está garantida.

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