Em público, Jair Bolsonaro mantém o discurso: pretende disputar novamente a Presidência em 2026. Nos bastidores, porém, o ex-presidente reconhece que o cenário jurídico é quase intransponível. Aliados próximos relatam que Bolsonaro já admite a impossibilidade de registrar uma candidatura, devido às condenações no Tribunal Superior Eleitoral e à pressão do Supremo Tribunal Federal — bem distante da antiga bravata de que bastariam “um cabo e um soldado” para contê-lo.

Diante da realidade, Bolsonaro passa a se concentrar na sucessão dentro do campo conservador. Dois nomes ganharam força em suas conversas reservadas: o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil).

Embora ambos contem com sua simpatia, Caiado desperta maior entusiasmo. Três fatores sustentam a preferência: a coerência ideológica — tendo se mantido fiel à direita em toda a carreira —, a lealdade pessoal ao ex-presidente e a experiência acumulada ao longo de décadas na vida pública. Caiado, que chegou a disputar a Presidência em 1989, também é visto como um exemplo bem-sucedido no enfrentamento ao crime organizado em Goiás, em contraste com a insegurança crescente em estados governados por outros aliados, como Tarcísio, Ratinho Júnior e Romeu Zema.

Entre bolsonaristas, já circula uma máxima: “Apenas dois políticos carregam hoje o DNA de Bolsonaro — Tarcísio e Caiado.”

Enquanto isso, figuras tradicionais do clã Bolsonaro se reposicionam. Eduardo Bolsonaro, que passou longo período no exterior, parece descartado da corrida presidencial. Já Michelle Bolsonaro definiu seu próximo passo: pretende disputar o Senado pelo Distrito Federal.

Em resumo, mesmo fora da eleição presidencial, Bolsonaro busca preservar sua influência, articulando um sucessor que mantenha vivo o projeto político que liderou entre 2018 e 2022.

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